sexta-feira, 24 de outubro de 2008

PROTEGER A NAÇÃO E OS TRABALHADORES, NÃO À ESPECULAÇÃO!

Declaração dos Trabalhadores sobre a crise mundial

O capitalismo leva o mundo ao impasse. No Brasil, a Bolsa caiu 20% em uma semana - dezenas de bilhões evaporaram - enquanto o real se desvalorizou 30% em quatro semanas. Subitamente empobrecida, a nação foi duramente atingida pela crise econômica mundial. Esses são os fatos. Há um ano, a 4a. Internacional advertia: “Os capitais foram lançados em todo tipo de especulação (...) ampliando mercados cada vez mais fictícios (aparentemente desconectados dos mercados ‘reais’ de mercadorias e valores), dos quais a expressão hoje mais acabada são os instrumentos financeiros conhecidos como ‘derivativos’.
Eles representavam em meados de 2007 um valor acumulado de US$ 516 trilhões (13 vezes a produção anual de mercadorias e serviços), contra apenas US$ 382 trilhões três anos antes, uma progressão de 135% (...).
Qual será a próxima etapa? Ninguém pode prever. O que é previsível, entretanto, é que por si mesmo o regime da propriedade privada dos meios de produção só pode ir de crise em crise, cada vez mais destrutivas. (...) A alternativa ‘socialismo ou barbárie’ nunca adquiriu tanto significado” (Resolução sobre a crise dos subprimes, Conselho Geral da 4ª Internacional, dezembro de 2007).
Agora, o caráter da crise se revela brutalmente! Não se trata de um “acidente” ou da “ganância” de alguns, mas da própria natureza do sistema capitalista. É o sistema da grande propriedade privada dos meios de produção, dominado pela especulação, que está em bancarrota. A crise do capitalismo não será resolvida por “regulamentação”, menos ainda, por uma “autoridade monetária mundial” como propõe o FMI, debilitando ainda mais os Estados nacionais em favor da especulação.
Não, não é “normal” que, como querem os capitalistas, os trilhões que faltam para criar empregos, recuperar os serviços públicos e acabar com a fome e a miséria, sejam torrados para salvar bancos. Essa espiral sem fim já dura um ano, e a crise só aumenta! E quem vai pagar a conta desses trilhões? Os orçamentos públicos cortando gastos sociais? Os empregos amputados pelas empresas que especularam? As nações sem crédito fazendo mais privatizações? Não!
Os trabalhadores não vão pagar a conta!
Os povos do mundo não aceitam pagar, a começar pelos EUA. Como disseram sindicalistas da AFL-CIO (federação de trabalhadores dos EUA), “nem um tostão para a especulação”! No continente, vai se aprofundar a luta dos povos para recuperar a soberania para fazer - como no Equador, na Bolívia e na Venezuela – os recursos naturais (gás, petróleo, minerais etc) serem explorados em beneficio do povo, não da especulação.
Sim, o sistema financeiro da especulação parece um “cassino”. Por isso, a única medida justa, a única “medida comum” que qualquer governo do mundo pode tomar é estatizar, sem indenização, o sistema financeiro. Mas, atenção, a “nacionalização parcial” feita nos EUA e na Europa, ao contrário, é a privatização parcial de recursos do Estado para salvar bancos!
Lula questionou a “socialização dos prejuízos” feita pelos EUA. Mas mandou o ministro Mantega para Washington na reunião dos ministros do G-20 com Bush, o FMI e o Banco Mundial, em que puxou o coro da “resposta rápida, ampla e coordenada à crise”. Ou seja, aplaudiu a doação de trilhões aos especuladores para continuar a política atual – como isto é possível?
Aqui, Lula autorizou o Banco Central a socorrer os bancos, admitindo usar dinheiro público: “Vamos comprar ações dos bancos, não dar dinheiro. Se um banco se recuperar, pode até devolver o dinheiro”(!) (OESP 14.10). Quer dizer, se não se “recuperar”, fica com o dinheiro, uma doação. Como isto é possível?
Certos estão os bancários, que não pararam de lutar por causa da crise, em greve nacional há uma semana. A Febraban diz que “não é hora de fazer greve, com a crise todos devem se juntar”!? Por décadas o lucro foi só deles, e agora querem ainda a “união nacional” para salvá-los? Nenhuma “união nacional” para salvar bancos, nem com a Febraban no Brasil, nem com o Bush e o FMI em Washington! Na crise, a responsabilidade do governo Lula, eleito pelos trabalhadores, é a de proteger a nação e a família trabalhadora, não a especulação.
Lula deve dar o exemplo e determinar que os bancos federais, BB e CEF, atendam a justa reivindicação dos bancários. Nenhum crédito subsidiado às empresas com dinheiro do trabalhador: a CUT deve continuar protegendo os recursos do trabalhador no FGTS e no FAT. São os diretores das 200 empresas que especularam com “derivativos” que devem pagar. Se há bancos em dificuldade, a medida justa é a intervenção, estatizar sem indenização.
A crise é grave e as pressões são enormes. Várias empresas entram em férias coletivas anunciando o “facão”. O senador Delcídio (PT) adiou a entrega do Orçamento de 2009 no Senado, para uma revisão com “austeridade”. Os patrões e seus partidos falam de corte de gastos e adiamento dos reajustes, duramente conquistados pelos servidores.
Pode-se concordar ou não com as propostas da Corrente O Trabalho. Mas é possível aceitar uma nova rodada de exigências do FMI, “austeridade”, demissões e privatizações (aeroportos, rodovias) em benefício da especulação?
Nas empresas, nos bairros e nas escolas, nos sindicatos junto com a marcha da CUT em dezembro, chamamos todos a discutir as medidas de proteção do povo trabalhador e da nação:


- Dinheiro para o povo, não para a especulação: Fim da LRF e do superávit fiscal, chega de fazer a lição de casa dos bancos!
- Estabilidade para os trabalhadores das empresas que especularam (Sadia, Aracruz e Votorantin)!
- Pré-Sal é nosso! Ainda mais agora, anular os leilões, 100% do petróleo para a Petrobras reestatizada!
- Recálculo do salário mínimo, fim do fator previdenciário e paridade na aposentadoria!
- Reforma Agrária, dinheiro para assentar os acampados, não para o agronegócio!
- Soberania para todos: não à 4ª Frota dos EUA, retirada das tropas do Haiti; por uma União Livre de Nações Soberanas!


Fonte: www.jornalotrabalho.com.br

Um comentário:

Gabriela (Bia) disse...
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